É cada vez mais um exercício engraçado falar desta Superliga. Tudo porque as conjunturas, as premissas, os desempenhos, as probabilidades se alteram em menos de oito dias.
Nem mesmo o próprio José Mourinho, hoje cada vez mais considerado uma voz abalizada, exímia e indispensável na análise ao futebol nacional e internacional, encontra facilidades em prever o que pode acontecer nas cinco jornadas que faltam disputar na Superliga. Diz ele, sem ponta de constrangimento, que não faz «a mínima ideia» de quem pode ser campeão. Não faz o melhor treinador do mundo nem faz mais ninguém. Mesmo os benfiquistas, até os optimistas, encontram nas jornadas que se seguem Adamastores mascarados de adversários “supermotivados” para afundar o sonho do título.
No Benfica, a onda de euforia, legítima, fez ricochete e funcionou pelo pior lado. A equipa acusou pressão, e desde que ela começou efectivamente a fazer-se sentir nas camisolas, o clube perdeu cinco pontos em seis possíveis.
As contas rumo ao título podem ser feitas de variadas formas, consoante a cor de quem as faz. Mas retenho e relembro uma declaração de Mourinho, segunda-feira, na SIC, na qual o treinador disse que, neste campeonato, se ainda estivesse no FC Porto «há muito que já tinha festejado o tricampeonato». «Lá para Fevereiro ou Março», acrescentou.
Não tenho dúvidas que assim fosse, mas como não é, o FC Porto, dos quatro da frente, é o que menos pode aspirar ao triunfo, sendo quase uma proeza se conseguir um lugar na Liga dos Campeões... prova que ganhou no ano passado. As voltas que o mundo dá.
O Sporting é, pelo futebol que apresenta o principal candidato. Não só por isso. Porque parece ter atingido, finalmente, uma regularidade de vitórias e consistência de exibições, que, nesta altura da época, funcionam como enorme tónico. Imagino o campeonato a ser decidido mesmo no fim, nunca antes das duas últimas jornadas. Aí, o Sporting tem o Benfica pela frente e a Taça UEFA.
A equipa de Peseiro vai ter de mostrar estofo e mentalidade, principalmente na deslocação à Luz, onde o factor psicológico é muito importante. É verdade que ganhou lá nos últimos dois anos, mas também é verdade que nestes momentos de decisão o Benfica é sempre o pior Adamastor possível para os leões.
Uma palavra final para o Sp. Braga. Tem feito um bom campeonato, lucrando com a fraca produtividade dos chamados grandes, mas não me surpreenderia se ficasse atrás deles todos. Importante, no entanto, a afirmação de uma identidade bracarense e minhota.