É cedo, concordo, mas já dá para tirar as primeiras ilações. As minhas desculpas pelo tamanho do texto.
Benfica - As mesmas lacunas do ano passado, mais algumas. Durante a Era Trapattoni, ao
Benfica faltava-lhe soluções no meio-campo, o que lhe retirava consistência e personalidade. Com Koeman, essa personalidade parece ter chegado, pelo futebol moderno e dinâmico que apresenta em alguns momentos, mas com a saída do seu melhor jogador, Miguel, e a inexistência de um Nº10 e de um Nº9, a equipa perde profundidade atacante e qualidade nas laterais defensivas. Culpa da SAD encarnada, que não percebe o suficiente de futebol para ver. Com Beto, o plantel ganhou mais uma solução para o meio-campo, bem como com Karyaka, o que resolveu o problema na intermediária. Só que, mais uma vez, surge outro problema. Koeman insiste cegamente num 4-3-3 muito pouco competitivo, com os dois mais adiantados do triângulo do meio-campo (Beto e Manuel Fernandes) estranhamente presos às posições. Este facto restringe os movimentos e a ocupação de espaços por parte dos médios benfiquistas, originando uma quebra acentuada no rendimento dos jogadores, com destaque para Beto, muito apagado desde que passou a fazer de interior-direito (caso mais flagrante contra a Juventus). Apenas com a entrada de Karyaka ou Nuno Assis, que dão outra movimentação ao meio-campo, este sector começa a funcionar melhor, com mais e melhores jogadas de envolvimento. Seja como for, penso que o
Benfica, mais cedo ou mais tarde, terá de se render ao 4-4-2 e abandonar as tácticas rascas.
Porto - Parece muito bem organizado e disciplinado. Sabe o que quer e tem muitas soluções para as várias posições, com muita qualidade. No entanto, notam-se ainda alguns vícios do passado no que toca à movimentação de jogo, que aparentam, mais uma vez, pouca objectividade e pragmatismo. Gosto da pressão alta que a equipa faz, da procura por jogar ao primeiro toque, mas em certos momentos aparenta levar essa ideia ao extremo. Muitos toques de calcanhar, combinações e tabelinhas quando, por vezes, o que se pede é o remate ou a assistência, rendilham em demasia o futebol dos dragões. É que este sistema de jogo é muito bom contra equipas que fazem marcações homem a homem em largas zonas do terreno. Frente a adversários que usam a marcação à zona, torna-se numa grande embrulhada. A rever!
Sporting - Tem menos soluções no meio-campo, com as saídas de Pedro Barbosa e de Hugo Viana, menos qualidade na defesa, com a partida de Enakarhire (de longe o melhor central do
Sporting na época passada) e menos poder de fogo no ataque, com a dispensa de Niculae. É verdade que o romeno não estava em forma, devido às muitas lesões que teve, mas era uma solução válida para jogos em que a sua força era necessária para arrastar defesas, abrir espaços, rematar com potência e ganhar nos lances pelo ar. O
Sporting optou por Deivid, uma fotocópia de Liedson, mas de muito menor qualidade, e vive neste momento com deficit de poder de fogo e capacidade física. Opções que não se compreendem. Por essa razão, e apesar de não ser fã do chileno, acredito que Pinilla talvez venha a ter um papel importante no futuro próximo do
Sporting, para colmatar essas lacunas. E ontem já ficou um cheirinho do que pode fazer. Quanto ao sistema de jogo, o 4-4-2 parece o mais indicado, mas não entendo como Peseiro insiste em jogar com uma defesa tão subida, sabendo que os centrais do
Sporting correm tanto como eu em dia de calor! E o pior é que o treinador leonino sabe disso, pois já o disse.