O Triunfo dos Porcos

Hoje cai o mito. Durante muito tempo os sportinguistas zombaram do populismo e falta de capacidade de análise que no vizinho levou à eleição de Vale e Azevedo. Pois hoje caiu o mito de que a massa associativa do Sporting é mais capaz, mais inteligente e mais perspicaz que a "populista". Mesmo que por indecisão ou simples desprezo (votaram apenas 20% dos sócios com capacidade para tal) a verdade é que cerca e 74% dos sócios que se deram ao trabalho de votar decidiram eleger Soares Franco.
A opção por Soares Franco revela dois factores importantes:
1) quem votou nesta lista fê-lo ou por interesse ou por ignorância. Interesse no caso de filhos, sobrinhos, bisnetos e enteados do poder vigente que obviamente (e até mais compreensivelmente) pretendeu manter o tacho e a oligarquia instalada. Ignorância no caso (penso que a maioria) daqueles que, perante tanto manancial de informação sobre as mais que duvidosas motivações de FSF na suas sucessivas mudanças de orientação, só não se informaram sobre os verdadeiros motivos que levaram este "sportinguista" a avançar porque não quiseram.
2) o Sporting ilustra o país que temos. Um país onde o resultado (mesmo que prometido sem fundamento algum) justifica o meio. Um país onde a honra e a palavra nada valem, onde o conhecimento produzido por Pimenta Machado faz lei e onde, sem qualquer pudor, o vulgar cidadão (neste caso sportinguista) afirma: "quero lá saber que não tenha honra ou palavra, o que me interessa são os golos".
O Sporting votou assim por indiferença, interesse ou ignorância. Mas o que o votante ignorante ou desprovido de valores morais esquece é que o mesmo senhor que muda de orientação e palavra 2,3 vezes por ano pode ser o mesmo que com a mesma desfaçatez falha todas as promessas apresentadas.
O Sporting terá assim o que merece. O que merecem os eleitores de FSF e o que merecem os que nem se deram ao trabalho de votar nas eleições do clube. Os outros, os que votaram em branco ou em qualquer outra lista mesmo sem grande convicção mereciam... um outro clube melhor, de preferência novo e sem património que gerasse autênticos polvos de influência, que se extendem dos bancos à construcção civil e das TVs aos jornais.